terça-feira, 4 de maio de 2010

O gozo e a desventura!

Estrada  Afora


...São assim as páginas da vida;
Mil amarguras perto de cem flores,
Ao pé do riso - a lágrima dolorida.

Henrique Castriciano - Ruínas



Ela passou por mim toda de preto,
Pela mão conduzindo uma criança...
E eu cuidei ver ali uma Esperança
E uma saudade em pálido dueto.

Pois, quando a perda de um sagrado afeto
De lastimar esta mulher não cansa,
Numa alegria descuidosa e mansa,
Passa a criança, o beija-flor inquieto.

Também na vida o gozo e a desventura
Caminham sempre unidos, de mãos dadas,
E o berço, às vezes, leva à sepultura...

No coração - um horto de martírios!
Brotam sem fim as ilusões douradas,
Como nas campanhas desabrocham lírios.

1897.



Fonte: Auta de Souza - Horto, outros poemas e ressonâncias-obras reunidas-editora da UFRN. Pág. 48.

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