sexta-feira, 12 de março de 2010

O drama de Brasília - 2ª / última parte.

Israel descrevia com olhos de quem já estava vendo o que nascia nas fundações. Os prédios cresciam nas superquadras. Eu lera a poética memória de Lúcio Costa que acompanhava o projeto histórico. A descrição " das luzes baças " que iluminariam as àreas de reisidência, igualando os homens e humanizando o conviver.


Três homens a sonhar

Juscelino, objetivo, olhando os dividendos políticos, Lúcio, o poeta-urbanista, imaginando que a cidade criaria um novo cidadão, e Oscar Niemeyer, o artista-escultor das linhas belas e curvas dos monumentos.

Os construtores eram sempre os mesmos: a peãozada, mão de obra da miséria, vindos das àreas rurais pobres do Nordeste e de Minas. Não dava tempo para pensar na concepção institucional. Brasília, nesses 50 anos, viu as àrvores e os homens chegarem de outras plagas. A espatódia africana de flores vermelhas e belas a expulsar a algaroba, e depois o exotismo dos canteiros de rosas, primaveras, gerânios a competir com as lores do cerrado. Brasília foi se formando com duas faces. Uma, burocrática, alienada da cidade, hóspede apenas.

Outra crescendo no clima de aventura, a construir seus valores de fronteira, sem amarras sem limites, que seria a verdadeira, com suas qualidades e defeitos, cultura e modo de viver. Com os dramáticos e inacreditáveis acontecimentos de hoje, vive as contrações de suas fraturas. Não seria o momento de pensar em novos rumos para a cidade, grande metrópole, realidade dolorosa, longe do sonho e da utopia primeira?



Viva Brasília!

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