domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dilma: presidência e Divórcio!

" A vitória do governo Dilma só se dará pela implementação de transformações para o qual foi eleito. Para isso, precisa vencer a atual política macroeconômica, que já teve o seu ciclo esgotado no Brasil, e fazer as reformas democráticas que pautamos desde o início do primeiro governo Lula ".

Lúcia Stumpf, é Secretária Nacional de Movimentos Sociais do Partido Comunista do Brasil. A declaração de Lúcia, ocorreu durante a 1ª reunião do Fórum de Movimentos Sociais do PCdoB, realizado em São Paulo/SP, no último dia 19/02/ 2011.


É verdade, mesmo sendo uma das construtoras e a principal herdeira dos resultados positivos do governo Lula, em que lhe favoreceu na condição de candidata de um partido e amplamente apoiada por um bloco de forças políticas e sociais, que motivou a vitória eleitoral no 1º e 2º turno do processo eleitoral de 2010. A presidente  tem enormes desafios, dentre os quais o de manter o Brasil posicionado de forma altaneira e soberana no cenário da diplomacia internacional e da manutenção de prioridade nas relações econômicas e comerciais com os chamados países emergentes, em detrimento do saudosismo do frenesi neoliberal de favorecimento aos Estados Unidos e Europa.

Dilma como chefe de Governo e de Estado não pode se amiudar mediante as pressões e disputas pelo rumo político do "seu" governo, afinal chegou a esta condição não somente por méritos próprios ou somente pelo massivo prestígio do ex-presidente Lula. Na base histórica de sua vitória eleitoral, se encontra um acúmulo da luta política e de resistência pela construção de uma Pátria Livre, Soberana e Próspera cultural e   materialmente, tendo inclusive, sua excelência como uma das inúmeras sobreviventes do ideário deste modelo que advogamos ser o mais justo e acertado na atual quadra em que nos situamos na América e no cenário mundial.


Casamento e divórcio

O instituto do divórcio é coisa do final dos anos 70 do século passado, se constituiu numa grande conquista para a sociedade brasileira, em especial para as mulheres. No entanto, os passos do governo Dilma não podem ser no sentido de equiparação desta conquista civilista a um retrocesso em termos de acumulação de forças e de firmar uma perspectiva de verdadeiras mudanças e transformações para o Brasil. Não pode ser Dilma, entenda-se esta representação política de muitos segmentos(Partidos, Movimentos, Pessoas e Sentimentos) que vai brecar ou atrasar esta possibilidade de vitória, vitória de projeto, de projeto elevado em termos econômicos(produção, geração de emprego, de renda e de fortalecimento de nossa capacidade industrial e de inventos técnicos cientificos) e sociais(ampla e massiva apropriação das riquezas materiais advindas da natureza-meio ambiente-proteção e preservação- e do trabalho humano).

No aspecto relacionado  a economia e a inclusão social, não devemos compreender, ou mesmo aceitar que tais resultados sejam apenas na órbita da individualidade imediata, sem que a mesma não esteja diretamente vinculada ao desenvolvimento e crescimento econômico sustentável, e que reflita o empoderamento dos elementos edificadores de um Estado forte e de uma Nação que não dependa no seu imediato de uma (sobre)vida baseada em ações e modelos que variam apenas de posição de governos que chegam ao poder da República, como consequência dos processos eleitorais "democráticos" em vigência.

Neste sentido, a implementação de Políticas Públicas é fundamental, não só como direitos, mas como expressão do sentimento de compromisso e diretrizes esboçado pelo Estado brasileiro, com primazia da União, ente federado mais importante e concentrador do recolhimento de tributos fiscais.

O combate a miséria, a sua erradicação, é temática central dos discursos da presidente Dilma, remanescem da campanha eleitoral, o que é muito importante, pois revela a fidelidade do programa defendido em campanha e dos gestos esboçados nos primeiros dias de governo. Diga-se é um sinal muito positivo.


Ditadura e Liberdade

Na condição de sobrevivente do arbítrio, ex-presa política e ex-torturada do regime de excessão materializado nos horrores da Ditadura Militar(1964/1985) e defensora de uma Nova Polítca para o Brasil, a nossa comandante não pode cair no erro infantil de acreditar que pode fazer "Mudanças" sem fazer opções de modelos e projetos, notadamente na área da política econômica, onde se concentra os maiores e mais pesados interesses de nossa elite. A guerrilheira não pode se compadecer, ou vergar-se ao poderio do capital, óbvio que não se trata de uma ruptura imediata, sem propósito, ou mesmo sem correlação de forças
políticas e sociais para consecução de tamanha  empreitada, mas é preciso sinalizar, estabelecer balizas e definir prioridades no rumo que se propõe a seguir à frente de insígne Nação.


Manutenção da "Ordem" ou Mudança, permanente desafio.

Até agora, mesmo sendo do ponto de vista temporal muito exíguo o tempo como Chefe da Nação, a presidente não se sente em liberdade ou condições de abrir caminhos para alterar a realidade que aprisona o Brasil e torna o Povo Brasileiro réfem dos interesses dos descendentes de Pedro Álvares Cabral. A opção, parece consciente de Dona Dilma e de seu ciclo político mais íntimo,é de beneficiar e proteger o interesse do Capital financeiro. Numa coisa ela pode está certa, se for para manter o Brasil sob os auspícios da caridade em detrimento da solidariedade, digo sem maiores delongas, Dilma está no caminho certo, e pelo seu séquito vai se embrenhar cada vez mais nele. Lamentável., ou melhor, condenável.

O casamento da "ciência" com a "experiência" de vida(aqui não se trata da união civil de pessoas do mesmo sexo, os termos são apenas coincidentes-feminino) demonstra que na Política tudo, ou quase tudo é possível, quem duvida, eu não arrisco, espero que você também não, ou seja, como se trata de um Programa Poítico e de uma Plataforma de Governo é possível seguir em frente, mas também é possível retroceder, e Dilma com a maioria de seu governo também pode ser acometida do retrocesso, mesmo não se tratando de um acontecimento súbito, pois em política não é muito comum o acontecer de repente, de uma ora para outra, tudo é processo, e como tal obedece as regras do movimento e do consequente desenvolvimento, o que não ocorre também sem os atritos, aqui leia-se disputa política de rumos, disputa de poder, ocupação de espaços, que em última análise configuram e podem alterar qualitativa e quantitativamente o conteúdo e a forma do exercício do poder político da ação de governo.

Um divórcio de Dilma com a esperança do Povo Brasileiro, não tenho dúvida em dizer que seria mais doloroso e traumático do que foi para a Igreja Católica ver uma das maiores Nações católicas do mundo consagrar em seu estamento jurídico um instituto capaz de separar aquilo que Deus uniu através de matrimônio- "casamento", instituindo a divindade da indissolubilidade. 


O que hoje é moderno, amanhã pode ser obsoleto, do contrário também é verdadeiro.

Pois bem, em que pese sermos construtores, aliados e defensores do êxito de Dilma e do Governo, não devemos nesta matéria exercitar o prelado da fé, pois a disputa pode colocar Dilma em campos opostos aos dos interesses mais elevados do Povo Brasileiro, isso em termos políticos chama-se cooptação, que pode inclusive se manisfestar de diversas formas e meios, o tempo nesta cirscuntâncias é muito importante, não deve ser menosprezado. Neste caso aqui, se aplica bem a máxima: a pressa é inimiga da perfeição. Entenda-se perfeição como os compromissos históricos, políticos e sociais que fizeram se juntar a Dilma milhões de Homesm e Mulheres, de organizações sociais, políticas e de outros credos, necessariamente não religiosos. Na dúvida, ou na contrariedade, busque pesquisar a trajetória do eminente Fernando Henrique Cardoso, "carinhosamente" chamado de FHC, mas uma coisa é verdade, deve-se considerar o tempo, as condições e a realidade em que os fatos acontecem, ou deixam de acontecer.

Desenvolvo meu raciocínio e esboço opiniões de quem acredita na possibilidade de mudanças, e que quer encontrar outros caminhos para o Brasil e seu Povo, diferente do conformismo e de que tá muito bem assim, pior era antes, tais atitudes não me servem, e nem tampouco deve justificar os que se afastam dos compromissos assumidos sem as razões devidamente apresentadas.


Pressão e  poder de cooptação de nossa elites.

Sem dúvida, a política macroeconômica de Dilma à frente do Governo, não serve ao Povo e nem muito menos ao interesses do desenvolvimento do Brasil. É uma manifestação de cumplicidade e sob certo aspecto de submissão ao poderio de quem a aprisionou e privou de crescimento, desenvolvimento e liberdade a nossa Pátria.

Vivemos momentos delicados, a disputa em curso é de grande monta, não existe amadores nesta contenda, os contendores já compreenderam que o principal é o rumo, e como tal é por ele que deve-se buscar a todo custo, inclusive o de se afastar de alguns e de se aproximar de outros, mesmo que sejam os algozes de ontem.

Que nos lançemos em permanente luta no sentido de vencer o assédio e as pressões que se comprimem contra nosso projeto e nossa Presidente Dilma. Nesta luta tem papel central os Partidos comprometidos com as "Mudanças e Transformações", o movimento social e sindical, lideranças e personalidades democráticas e patrióticas, jovens, mulheres, a intelectualidade progressista, enfim, todos que acreditam nesta construção e possibilidade de fazer o Brasil avançar ainda e cada vez mais.

Torço e luto, lutemos todos para que a nossa relação se fortaleça e o divórcio não seja o caminho de Dilma com o Povo Brasileiro que luta em defesa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil.


Que as elites não separem aquilo que o Povo brasileiro uniu.



Na luta!

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