sábado, 3 de dezembro de 2011

Mulheres do Brasil - 34ª

Mulheres que contribuíram para a formação e o desenvolvimento do Brasil.



Marcelina da Silva ( ? - 1885) Ialorixá (mãe de santo).


Baiana, segunda ialorixá a dirigir o terreiro Ilê Iá Nassô, o mais antigo terreiro de origem nagô-quêto a funcionar regularmente no Brasil.

Filha de santo e parente consanguínea de Iá Nassô, Marcelina (Obá Tossi) acompanhou-a numa viagem à África, onde Iá Nassô veio a falecer. Nesta viagem aprofundou seus conhecimentos religiosos e trouxe consigo importantes objetos de cultos africanos necessários às cerimônias. Ao regressar e suceder a primeira mãe-de-santo de terreiro, Obá Tossi consolidou a liderança feminina da casa.  Sofreu perseguições em uma época em que o exercício do culto era reprimido e as sacerdotisa e sacerdotes, bem como os fiéis, eram constantemente ameaçados. Somente fortes personalidades conseguiram manter os templos e seu prestígio, contornando os invitáveis conflitos dinásticos, entre outros.

Marcelina é bisavó de Maria Bibiana do Espírito Santo, Mãe Senhora, que foi a maior autoridade do culto nagô em sua época. Sua morte, em 27 de de junho de 1835, acirrou definitivamente as grandes disputas entre as prováveis sucessoras, provocando a saída de duas grandes ialorixás: Maria Júlia da Conceição Nazaré, que fundou o terreiro do Gantois, e, e anos mais tarde, Eugênia Ana dos Santos, mais conhecida como Mãe Aninha, que fundou o terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá.

Uma das sucessoras de Obá Tossi mais lembradas é Maximiana da Conceição, Tia Massi, que liderou por vários anos o terreiro, já chamado de Engenho Velho, e que em homenagem ao seu orixá o nome de Casa Branca do Engenho Velho.

Após imenso esforço, esse templo religioso afro-brasileiro foi tombado no começo dos anos 80 e faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.


Fonte: Cléo Martins e Raul Lody (orgs,), Faraimará, o caçador traz alegria: Mãe Etella, 60 anos de iniciação; Monique Augras, O duplo e a metamorfose - a identidade mítica em comunidades nagô; Pierre Verger, Artigos.

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