Mulheres que contribuíram para o desenvolvimento e a formação do Brasil.
Ana de Faria e Sousa ( 1711 )
Figura mítica, vítima de assassinato por acusação de adultério.
Filha do sargento-mor Nicolau Coelho dos Reis, Ana era casada com um poderoso senhor de engenho de Pernambuco, André Vieira de Melo, filho de Bernardo Vieira de Melo.
A trajédia de Ana teria começado com a intriga de uma escrava, que contou a Catarina Leitão, segunda mulher de Bernardo Vieira de Melo, sogro de Ana, que ela estava tendo um caso de amor com João Paes Barreto, também senhor de terras. A sogra, estimulanda as acusações do suposto adultério, convenceu André que ele deveria "lavar" sua honra e, assim, ele mandou assassinar o presumido amante.
Quanto a Ana, a primeira idéia da família-rechaçada sobretudo pela sogra, que a considerou demasiado benevolente - era interná-la no Recolhimento da Conceição, em Olinda. Como Ana estava grávida, ficou decidido que seria morta tão logo a criança nascesse. O fato de sua execução ter sido adiada para poupar a vida de uma criança, que poderia ser fruto do adultério, reforçou para muitos a tese de que, na verdade, João Paes Barreto havia sido assassinado por questões de terra. André afinal cedeu aos argumentos de sua mãe, Catarina Leitão, de que era também preciso liquidar Ana para limpar sua honra. Nascia a criança, tratou-se de envenenar a adúltera, mas a peçonha utilizada não fez efeito. O marido, então, mandou que lhe abrissem as veias, mas o sangue estancava rapidamente. Catarina, decidida a matar a nora de qualquer jeito, estrangulou-a com uma toalha.
O crime teve enorme repercussão em Pernambuco e serviu de tema aos poetas locais, um dos quais escreveu a xácara funesta à morte de D. Ana de Faria e Sousa. Anos depois, abriu-se por duas vezes seu túmulo na Igreja do Convento de São Francisco de Ipojuca e seu corpo continuava intacto, o que foi entendido pela população como sinal de sua inocência.
Fonte: Domingos do Loreto Couto, Desagravos do Brasil e glórias de Pernambuco; Evaldo Cabral de Melo, O nome eo sangue; Luíz Edmundo, O Rio de Janeiro no tempo dos vice-reis; Manuel dos Santos, Calamidades de Pernambuco.
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