" Pegaram o menino"
Com esta frase, já a beira do choro e relembrando a forma como tratava seu marido, Clara Charf reagiu ao saber que Carlos Marighella estava morto. Companheiro de luta e de vida. Um amor que perdura, no afã de Clara para manter viva a memória do homem que foi seu "menino".
Desde o último dia 10, que o Teatro Castro Alves, em Salvador Bahia, sedia a exposição "Marighella", em memória aos 40 anos da morte do guerrilheiro comunista, ícone do combate à ditadura militar no Brasil.
A mostra reúne cartas, livros, fotografias, depoimentos e documentos originais que ajudam a recuperar a trajetória de Marighella, desde à infância até seu assassinato em 02 de novembro de 1969.
Memorial da resistência
O objetivo da mostra é resgatar a história do guerrilheiro, que em muitos momentos se confunde com a história política do país.
Sobre a exposição, o curador Vladimir Saccheta, declara:
" A exposição se dá no sentido de recontar a história política do país. A mostra descontrói a imagem de Marighella inimigo número um, que a ditadura construiu, para resgatar o homem, o cidadão Marighella, que levou o combate à ditadura militar às últimas consequências ".
Uma trajetória de lutas
Marighella nasceu aos 05 de dezembro de 1911, em Savador, no Estado da Bahia. Filho de imigrante italiano e de uma negra descedente de escravos africanos, vinda do Sudão, da etnia haussás.
Ingressa no Partido Comunista do Brasil em 1933, participa da luta contra a ditadura do Estado Novo do governo de Vargas, e elege-se Deputado Federal constituinte em 1946, tendo o mandato cassado juntamente com o registro do Partido Comunista em 1948.
Em 1966, rompe com o Partido Comunista e funda a Aliança Libertadora Nacional(ALN), organização de enfrentamento armado contra a ditadura militar. Uma das principais organizações da luta armada urbana.
A mostra de Salvador, estende-se até 24 de janeiro de 2010. Outras duas já foram inauguradas no Memorial da Resistência em São Paulo e na Caixa Cultural no Rio de Janeiro.
Reconhecimento do Estado
Em 1996, o Ministério de Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela morte de Marighella; em 07 de março de 2008, foi decidido que sua companheira Clara Charf deveria receber pensão vitalícia do governo brasileiro.
Cidadão Paulistano
Por iniciativa parlamentar do vereador Ítalo Cardoso/PT, a Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo, concedeu Título de Cidadão a Carlos Marighella. A honraria póstuma foi prestada no dia 4 de novembro último.
História que vai virar filme
Em 2010, a história do líder da ALN será contada em um longa metragem, que está sendo produzido pela cineasta Iza Grinspun.
Marighella Vive!
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