O Pássaro cativo - Olavo Bilac
Armas, num galho de árvore, o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por explendida morada,
A gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:
Porque é que, tendo tudo, há de ficar
Opassarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?
Este não é o seu caso...
É que, criança,os pássaros não falam.
Gorjeando apenas sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
" Não quero o teu alpiste!
gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Lá em Almino Afonso...
Tenho água fresca num recanto escuro
Sa selva em que nasci;
Sa mata entre os verdores,
Tenho fruto e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua explêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas...
Deixa-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero salvar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me covarde!
Seus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! voar!..."
Para a Câmara Federal...
Estas coousas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição:
E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...
Esta casa não foi uma gaiola dourada,
mas apenas uma etapa da sua vida que o voar
voar lhe leve para vôos mais altos para que
você possa trabalhar mais pelo nosso Brasi, pela nossa gente.
Com carinho
Elineide Guedes.
Agradeço O Poema acima recitado e a mim dirigido, por ocasião de minha despedida como Secretário de Estado da Secretaria de Assuntos Fundiáios e Apoio À Reforma Agrária/SEARA, recitado por Drª Elineida Guedes, na tarde de 30 de março de 2010. Entendo a manifestação de apreço, carinho e afeto, tão expressa na poesia de Olavo Bilac, como um gesto de generosidada humana da autora.
Almino Afonso, cidade do médio oeste do Estado do Rio Grande do Norte, onde nasci numa comunidade rural denominada Sítio Poço, no ano de 1966, do século passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário