O latifúndio que mata e maltrata - 2ª Parte.
Voltados exclusivamente para o agronegócio, temos ainda 15.012 proprietários(1% do total de estabelecimentos), com propriedade acima de 2.500 hectares, representando 46% do total de todas as terras.
Saindo da concentração da propriedade e entrando na concentração da produção, as distorções são ainda mais alarmentes. Para um Valor Bruto de Produção Agrícola equivalente a R$141 bilhões em 2006, o Estado disponibilizou em créditos para o agronegócio, através de diversificadas linhas de financiamento, um total de R$80 bilhões, que resultou numa produção avaliada em R$ 91 bilhões, utilizando para tanto uma área de 32 milhões de hectares, ocupada pelo plantio de soja, milho, cana-de-açúcar e pecuária.
Na contramão dessa história, para a agricultura familiar, responsável pela produção de mais de 80% dos alimentos que chegam às nossas mesas diariamente, foram destinados apenas R$ 6 bilhões de crédito, que ainda assim produziram R$ 50 dos R$ 141 bilhões do Valor Bruto da Produção Agrícola de 2006, ocupando uma reduzida área de 7 milhões de hectares, com o plantio de arroz, feijão, mandioca, trigo, etc.
Se não levarmos em conta para uma análise menos apaixonada esse elenco de dados, o terrorismo jornalístico perpetrados pelos maiores veículos de comunicação do país, representados pelas vozes de profissionais do ramo como Alexandre Garcia e Mirian Leitão, diante das imagens de um trator dirigido por um membro do MST derrubando alguns pés de laranja em plantação da cutrale, passam para a população que a única cultura dos assentamentos de trabalhadores rurais sem-terra no país é a da violência sem justa causa; coisa de criminosos, que deve ser punida com todos os propalados rigors da lei.
Os mesmos rigores da lei não são invocados por esses ilustres arautos do latifúndio para pedir a punição dos andantes dos homicídios das centenas de trabalhadores rurais, que lutam com suas famílias por um pedaço de terra. Pior ainda, dos 1.521 casos de homicídios levados a julgamento entre 1985 e 2008, somente 7,5% foram concluídos. Tal levantamento foi apresentado peo Departamento de Pesquisas Judiciárias, vinculada ao Conselha Nacional de Justiça, no 1º Encontro do Fórum Nacional para monitoramento e Resolução dos Conflitos Fundiários Urbanos e Rurais, na semana passada em Campo Grande/MS.
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