sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mulheres do Brasil - 26ª

Mulheres que contribuíram para a formação e o desenvolvimento do Brasil.



Clara Charf ( 1925 - ) Ativista política.


Nasceu em Maceió(AL), no dia dia 17 de julho de 1925, de origem judaica. Mudou-se com a família para Recife(PE) em 1942. Clara queria ser médica, mas os poucos recursos não foram possíveis. Aos 17 anos foi trabalhar como datilógrafa-copista, em inglês, na base naval norte-americana. Por essa época, eclodiam no Brasil as primeiras reações da classe política e das forças populares de esquerda contra o regime ditatorial de Vargas.

O fim da II Guerra Mundial, a passagem pelo Recife da menina Anita Leocádia(filha de Olga Benário e do líder comunista Luiz Carlos Prestes), libertada de um campo de concentração por uma campanha de solidariedade internacional, e o primeiro comício que assistiu, depois da queda do Estado Novo, com a presença de Prestes, foram fatos que marcaram sua trajetória política.

Viajou, em 1946, para o Rio de Janeiro, trabalhou como aeromoça e filiou-se ao Partido Comunista, assumindo a tarefa de assessorar a bancada parlamentar do partido no Congresso Nacional. Conheceu, assim, o então deputado Carlos Marighela, a quem esteve unida de 1948 até o assassinato dele pelas forças policiais, em novembro de 1969.

Sua união com o dirigente comunista Marighela levou-a à vida clandestina e à decisão de, por essa circunstância, não ter filhos. Em 1950, Clara foi presa em Campinas(SP), onde havia acabado de chegar com o nome de Marta Santos, uma mala de livros, uma máquina de escrever e a tarefa de montar uma escola de quadros partidários. Marighela estava então na China. Clara foi solta porque não fora apanhada distribuindo material comunista e apenas carregá-lo não era crime.

Na década de 1950, o casal veio para o Rio e passou a viver legalmente. Clara passou a atuar na Liga Feminina e representou o Brasil em congressos de mulheres realizados em 1962 e 1963 Cuba. O golpe militar de 1964, o rompimento de Marighela com a direção do PCB e seu assassinato levaram Clara a exilar-se em Cuba, de onde só voltou em 1979, com a anistia. Filiou-se depois ao Partido dos Trabalhadores(PT) e concentrou sua atividade política na luta pelo resgate de mortos e desaparecidos do regime militar e no movimento de mulheres. Trabalhou na prefeitura de São Paulo, na gestão de Luísa Erundina.

Aos 85 anos, Clara é um exemplo de mulher que, sem medo da polícia ou dos tabus sociais, construiu livremente sua vida e dedicou-se às lutas pela igualdade social e solidariedade entre os povos.



Fonte: Maria Rita Khel e Venceslau Paulo de Tarso, " Clara Charf ", in R. Azevedo e F. Maués(orgs.), Rememória - entrevista sobre o Brasil do século XX.

Nenhum comentário:

Postar um comentário