Artigo de autoria de José Sarney - Escritor, ex-presidente da Répública e atual presidente do Senado Federal. Publicado no jornal Tribuna do Norte-Opinião, do dia 28 de fevereiro de 2010.
Fui a Brasília pela primeira vez em 1958, há 52 anos, a convite de Israel Pinheiro, herdeiro de uma tradição que vinha de seu pai, o notável João Pinheiro. Israel, acima de qualquer suspeita, apoiado pela oposição, fora escolhido para presidente da Companhia Construtora da Nova Capital, a célebre Novacap.
Era meu colega no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, comandando a temida Comissão de Finanças. Pessoalmente, mostrou-me as obras. Vi, fascinado, uma Babel: homens, caminhões e máquinas cruzando só estradas de poeira, um burburinho de máquinas, gentes, cimento, pedras em contraste com o silêncio das árvores sofridas e contorcidas de um cerrado ainda não derrubado.
Evoquei a página de Afonso Arinos sobre o buriti perdido,(...) testemunha sobrevivente do drama da conquista,(...) venerável epônimo dos campos". O pequi galhudo e verde, não desconfiando que em breve a motosserra corta-lhe-ia o pescoço.
Barracos, jardineiras nordestinas e no ar um cheiro de suor e poeira cobrindo a aventura da cidade que se levantava.
A 2ª parte deste artigo será publicada amanhã(12/03).
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