terça-feira, 24 de agosto de 2010

Flor branca!

(. . .) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu àspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(. . .) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loçao
e abafa
O insuportável mau cheiro da memória.



Resíduo- do poeta mineiro: Carlos Drummomd de Andrade.




E na sua memória, tem algum mau cheiro?

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