Recentemente o presidente Lula adotou uma medida governamental de muito significado, tornando obrigatório no âmbito dos estabelecimentos de ensino e prisionais portarem pelo menos uma biblioteca, obviamente que destinada ao incentivo da leitura e da valorização da literatura, seja pátria ou não, é um gesto elevado do seu compromisso de mandatário maior da nação.
Para um país jovem como o nosso -Brasil- em se tratando de acesso aos livros, ou mesmo a própria literatura nada é de se admirar em se tratando ainda de relativa falta de compromisso do poder público com o incentivo ou estímulo ao mundo da leitura. Iniciativas existem muitas, algumas já devidamente conhecidas e divulgadas e outras ainda sem a devida promoção e reconhecimento, tanto na órbita privada como pública.
Colônia e Império
O nosso povo, especialmente os trabalhadores e setores empobrecidos da sociedade brasileira foram vítimas do domínio dos livros e das bibliotecas durante muito tempo de nossa história, notadamente na Colônia e parte do Império.
As elites portuguesas e as nativas que aqui se estruturaram imcorporaram o sentimento de manter para si o conhecimento, e não só o conhecimento, mas fundamentalmente os instrumentos que propiciavam cultura e discernimente, bibliotecas, livros, escolas e até mesmo conversas em rodas coletivas, esta última era inclusive vigiada pelo capitão do mato em tempos de escravidão e de senzala. Na casa grande podia.
O monopólio da literatura e conseguentemente da leitura estava reservado para padres, comerciantes, latifundiários e os chamados homens de bem, ou seja, estava o círculo da leitura bastante reduzido, incluindo-se aí as mulheres, que também nesta matéria estavam segregadas, tudo em nome da pureza da alma e do espírito.
Livro-artigo de luxo
Mesmo nos dias de hoje, o mercado editorial ainda continua muito concentrado, claro que falando do ponto de vista das condições materiais do acesso, visto que o custo é ainda muito alto, em se tratando do poder aquisitivo médio de nossa população. É praticamente um artigo de luxo.
As salas de leitura, bibliotecas ou outras iniciativas que facilitem o acesso ao mundo da literatura e leitura precisam ser ainda mais assumidos pelo poder público através de seus órgãos. Na realidade de hoje, o acesso ao mundo da informática ainda é uma barreira a ser superada, pois este é um caminho de muitas facilidades a ser explorado por um contingente cada vez maior.
Sônia Paiva e o Arca das Letras
Um programa vitorioso e de natureza inclusiva, voltado para comunidades rurais de nosso país no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário, executado no Rio Grande do Norte, como elemento de apoio as ações complementares de Reforma Agrária, uma expressão da ação cultural da transversalidade das temáticas relacionadas ao mundo rural.
Foi com o Arca das Letras que Sônia Paiva mais se identificou, teve suas últimas horas de vida na ante-sala do programa, nos jardins da Seara, onde se celebrava a vida e cultuava a alegria das pessoas e dos feitos coletivos realizados, os jardins eram na verdade o ponto de chegada e de partida. Com Sônia não foi diferente.
Nossa homenagem a nossa companheira Sônia Paiva, que há exatos 12 meses, no dia 08 de junho de 2009, foi assassinada nos jardins da Seara, quando chegava logo cedo ao seu local de trabalho.
Sônia Paiva, era Pedagoga, servidora pública municipal, filiada ao Partido Comunista do Brasil/PCdoB e Coordenadora do Programa de Bibliotecas Comunitárias Rurais Arca das Letras da Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma Agrária-SEARA, deixou um legado de apreço aos livros e à prática da leitura em terras potiguares. Sônia, estava prestes a completar 43 anos de vida e de concluir sua pós-graduação.
Ceifou-se uma vida em plena realização humana e profissional.
Conservemos todos a sua memória, com respeito e reconhecimento!
Um terno abraço aos seus familiares e amigos.
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